domingo, 1 de julho de 2012

                                            O meu Baú




Ela tinha um baú, o baú guardava seus tesouros.

Donna disse que tinha a chave.

ela não acreditou, achou que era "esmola demais" e como boa cega que era, desconfiou.

Donna permaneceu segura de si.

ela ficou curiosa, quis pagar pra ver.

Donna botou preço.

ela iniciante, achou o preço alto demais, tinha pouco guardado pra dar; tudo bruto, nada lapidado. Como dar o que não se tem? Pensava ela.

Donna dizia: todo o tudo dado com confiança, alegria e sinceridade é muito, mesmo que seja pouco.

ela foi dando, moedinha após moedinha.

Donna foi recebendo.

ela foi se alegrando e quanto mais sua miséria ofertava a Donna, mais plenitude alcançava.

Donna aceitou de bom grado, observando-a, mostrou-lhe a chave.

ela plena teve medo, é uma chave para as trevas, pensou.

Uma chave para a luz, a tua luz, disse Donna.

ela pediu para segurar a chave na mão.

Donna deixou, cuidadosa.

ela, criança descuidada e cada dia mais confiante, brincava com a chave.

Donna a observava e tecia anotações secretas, séria.

ela aproximou a chave da fechadura, encaixou-a e sua plenitude aumentou a ponto de se esquecer do cuidado que deveria ter para com Donna e para com a chave Dela e feliz e inadvertidamente alegre corria nos campos de sua SENHORA.

Donna importunada com o barulho que ela fazia tentou alertá-la.

ela não percebeu, emocionada com suas pequenas descobertas, só via a si mesma de modo mesquinho, egoísta, vil.

Donna então deu um passo para trás.

ela não se deu conta do ato.

Donna sem retirar os olhos dela, percebeu que ela movimentava a chave na fechadura, reticente.

ela, torcendo a chave na fechadura, correu na direção Dela, qual criança estabanada que mal aprendeu a andar.

Donna decepcionada recuou, não a queria assim, estabanada, descuidada.

ela abriu o baú.

Donna virou-lhe as costas.

ela estendeu em suas mãos os tesouros guardados: desejo, entrega, obediência, submissão.

Donna foi embora.

ela chorou.

...

Ela de posse dos tesouros, pouco a pouco, tomou consciência de si.

Donna não viu.

ela rastejou até Donna, certa de sua sujidade e inadequação.

Donna olhou para outras pastagens, mais verdejantes.

ela abnegada se ofereceu, se prostrou a seus pés, implorou lavando o chão que Donna pisa com seu sal.

Donna não se comoveu.

Então ela que se sabia incapaz de ser de qualquer outra além Dela, colocou aos pés Desta os seus tesouros, o baú aberto e a chave...

E até hoje ela em silêncio, invisível, prostrada ao lado do assento Dela vazio, cadela fiel guardando sua morada, espera por um olhar; vigia e ora esperando que Donna volte.

ela se chama apenas MenininhaCD

e sou eu hoje

Dona sempre será minha Senhora, minha Donna Mandona













                                                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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